Estrangeiros aproveitam pandemia para comprar e investir em força em Portugal
O investimento direto estrangeiro (IDE) em compras de propriedade e participações no capital de empresas aumentou quase oito vezes no primeiro trimestre deste ano face a igual período de 2020, indicam cálculos do Dinheiro Vivo a partir de dados do Banco de Portugal, ontem divulgados.
Ou seja, só neste primeiro trimestre, os investidores sediados no estrangeiro injetaram 1,7 mil milhões de euros em capital na economia portuguesa. Trata-se do arranque anual mais forte desde 2017, ano em que Portugal cresceu 3,5% em termos reais (a melhor marca desde o ano 2000).
Este forte impulso de IDE em capital (ações e outras participações empresariais) está intimamente ligado ao fenómeno do investimento imobiliário. Segundo vários analistas e o próprio Banco de Portugal, o início deste ano prolonga o bom ano de 2020 nesse domínio.
No ano passado, apesar da grave crise pandémica, os investidores estrangeiros colocaram na economia 5,9 mil milhões de euros em capital novo, um valor que fica em linha com os 6 mil milhões de euros registados em 2019.
A conta final do IDE só não é maior porque os investidores começaram a vender dívida (pode ser através de operações de venda de ativos improdutivos e de carteiras de empréstimos em incumprimento, os chamados NPL ou non performing loans). Essas vendas abatem ao valor do IDE total.
No primeiro trimestre, essas vendas ascenderam a 910 milhões de euros, um valor significativo. Em 2020 como um todo, os investidores estrangeiros também esvaziaram as suas posições, vendendo dívida num valor de quase 3 mil milhões de euros.